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A imunoterapia representa um enorme avanço no tratamento do cancro. Os tratamentos que tiram partido do enorme poder do sistema imunitário resultam em elevadas taxas de remissão com poucos efeitos secundários, quando comparadas com a quimioterapia. Apesar dos benefícios, a imunoterapia é ainda pouco utilizada em tratamentos de primeira linha, dados os elevados custos associados e o reduzido leque de patologias em que são eficazes. Perante isto, torna-se necessário o desenvolvimento de novas abordagens de imunoterapia com ampla aplicação e baixo custo. As células Natural Killer (NK) são parte integrante do sistema imunitário, sendo capazes de destruir células tumorais quando as reconhecem como tal. O objetivo deste trabalho consistiu em desenvolver uma molécula orgânica capaz de ativar artificialmente as células NK, de forma a potenciar a morte das células tumorais após o reconhecimento do tecido maligno. Tal constitui uma abordagem inovadora no campo da imunoterapia do cancro.
O uso inadequado de antibióticos ao longo dos anos tem contribuído para a diminuição da sua eficácia, dado que as bactérias se adaptaram e desenvolveram mecanismos de resistência. Este facto transformou-se num grave problema de saúde global e tornou premente a necessidade de encontrar alternativas capazes de melhorar a eficácia dos antibióticos. As redes metalo-orgânicas têm-se revelado eficazes no transporte e libertação controlada de fármacos. Complementarmente, a utilização de antibióticos como ligandos na formação de redes de coordenação de antibióticos tem demonstrado ser uma forma eficiente de alterar as propriedades físico-químicas e aumentar a atividade antimicrobiana de princípios ativos já comercializados. Neste artigo, é apresentada uma breve revisão do trabalho que tem sido efetuado no grupo para o desenvolvimento de redes de coordenação com os ácidos azelaico, nalidíxico e pipemídico, e com a pirazinamida. A síntese sustentável destes compostos foi possível através da utilização de técnicas de mecanoquímica.
A doença de Alzheimer (DA) trata-se da condição de demência mais comum, no entanto, não existe ainda um tratamento eficaz para a combater. A comunidade científica tem reportado diferentes vias celulares que podem levar ao seu desenvolvimento, sendo uma delas a via da cinase Fyn. Assim, neste artigo de revisão, tem-se como foco o recurso a saracatinib, um inibidor específico desta enzima, como potencial cura para a DA.
Desde a primeira síntese de uma molécula em laboratório em 1828, a síntese orgânica tem evoluído de forma crescente e é hoje em dia a principal área em que se focam os cientistas que procurem a construção inteligente de moléculas com interesse biológico. A análise retrossintética é um instrumento de análise química que permite a resolução de problemas de planeamento sintético, de forma a gerar caminhos possíveis para atingir uma determinada molécula-alvo, descobrir materiais de partida e ainda avaliar os possíveis desafios envolvidos. Para os químicos orgânicos, esta é uma ferramenta fundamental que permite fazer um planeamento conciso para que apenas sejam testados experimentalmente os caminhos sintéticos que se apresentam como mais viáveis. Assim, neste artigo descrevemos os desafios e conclusões de três químicos orgânicos após participarem numa competição de retrossíntese para obter uma molécula-alvo: a shinorine.
A Natureza começou a “estudar” Química há mais de 3770 milhões de anos, tendo arranjado soluções para a execução de reações difíceis, mas úteis, tais como a ativação de ligações C-H, através do desenvolvimento de enzimas que frequentemente contêm cofatores Fe-oxo. A sociedade, que não teve tanto tempo para estudar, tem a mesma necessidade de realizar essas reações e a abordagem mais óbvia para resolver este problema tem sido espreitar o trabalho do melhor aluno para obter inspiração. No entanto, para que se possam criar catalisadores bioinspirados e operacionais à escala industrial, é necessário que se conheça o mecanismo de funcionamento destas enzimas. Tipicamente, exibem estados de spin com energias próximas e estão envolvidas em processos biológicos complexos, o que torna difícil o estudo dos seus efémeros estados de transição com as técnicas experimentais disponíveis. Aqui, pretende-se avaliar o desempenho de duas ferramentas computacionais para o estudo da ativação da ligação C-H com complexos de metais de transição inspirados na natureza, nomeadamente o funcional S12g e a representação das Orbitais de Ligação Intrínsecas, assim como verificar de que maneira estes métodos preenchem as lacunas dos métodos experimentais correntes.