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Série ii / Número 166 / Volume 46
Setembro 2022
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DOI: 10.52590/M3.P703

A propósito do título do IX Encontro da Divisão de Ensino e Divulgação da Química da Sociedade Portuguesa de Química - “Química 4.0: Educar e Comunicar para a Inclusão e Literacia(s)” -, uma digressão sobre a necessidade de uma linguagem rigorosa e clara na comunicação da ciência nos tempos atuais de notícias e ciência falsas. Após uma breve referência ao Decálogo Liberal de Bertrand Russell, seguem-se discussões das quatro revoluções industriais e do seu impacto na sociedade, bem como da importância do uso correto da língua na comunicação da ciência, da hipótese de Gaia, do papel e responsabilidade da Homo sapiens como espécie mais evoluída e da complexidade dos problemas das alterações climáticas e das micro e macropoluições.


A Química é de longe a ciência central no mundo atual. Os seus conceitos, teorias, modelos e experiências evoluíram ao longo de mais de 300 anos, desde a sua separação da Filosofia Natural e da compreensão do conceito de molécula. Nenhum cientista trabalha por conta própria, divorciado do enorme conhecimento científico desenvolvido por seus antecedentes ou precursores. Compreender as raízes e colaborações de cada cientista ao longo da sua vida, associado à contribuição original em cada campo, abre caminho para uma história mais rica e objetiva da ciência e da tecnologia. Este artigo é uma primeira tentativa de recomendar uma metodologia ilustradora e objetiva para todos os químicos (mas não restrita a) entenderem melhor o seu próprio trabalho, as origens e influências de colegas anteriores e contemporâneos, desenvolvendo a sua própria árvore genealógica académica e, seguindo Sir Isaac Newton em 1675 “(...) se eu vi mais longe, é por estar sobre os ombros de gigantes (...), descobrindo os seus próprios gigantes”.


Em 1821, Tomé Rodrigues Sobral, à data Diretor do Laboratório Químico da Universidade de Coimbra, foi eleito como Deputado da Província da Beira, para as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, convocadas após a revolução liberal de 1820. Nelas, integrou como membro eleito a Comissão de Manufaturas e Artes. Neste trabalho, analisamos as ideias de política e desenvolvimento social que aí defendeu.


A Convenção para a Proibição das Armas Químicas (CPAQ) celebrou a 29 de abril de 2022 os 25 anos da sua entrada em vigor. Contudo, o trabalho desenvolvido pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) para assegurar a destruição dos arsenais químicos e prevenir a reemergência de armas químicas, premiado em 2013 com o Prémio Nobel da Paz, é ainda pouco conhecido na comunidade de químicos portugueses. Começando com uma pequena resenha histórica, este artigo descreve sumariamente a CPAQ e a OPAQ. Seguidamente descrevem-se os recentes incidentes envolvendo armas químicas e, por fim, apresentam-se as considerações finais acerca dos atuais e futuros desenvolvimentos relacionados com a CPAQ.


Sempre que o conhecimento evolui, a indústria e a tecnologia evoluem, numa relação biunívoca, em que causa e efeito se sucedem em alternância e por vezes se tornam difíceis de identificar. A difusão do saber (ensino) baseava-se, até há poucos anos, quase exclusivamente na transmissão oral de conceitos, aprofundados através da consulta de livros. Já a aprendizagem recorria essencialmente à memória sustentada por documentos escritos. Com o advento da comunicação digital, as formas de transmissão de saber tradicionais começam a perder relevância. A procura de informação nos livros, e a ida às bibliotecas vão sendo substituídas pelo clique no teclado. Manter o interesse e a atenção dos alunos no saber, transmitido pela voz sem imagens, tornou-se uma tarefa árdua, aumentando significativamente a exigência na formação científico-tecnológica de quem ensina. Este processo, que paulatinamente se ia instalando até 2019, veio a ser fortemente acelerado pela pandemia da COVID-19, em 2020. Ao criar o Centro de Formação para professores do ensino secundário (2018), a SPQ deu expressão à sua missão de promover o ensino da Química em Portugal, qualificando-se como entidade acreditada para a formação de professores em áreas transversais da Química.


A proposta de atividade apresentada, destinada ao 11.º ano de escolaridade, constitui-se como um exemplo de como as regras de nomenclatura química, seguindo as atuais recomendações da IUPAC traduzidas e adaptadas à língua portuguesa, podem ser introduzidas sem colocar em causa as aprendizagens. Pela diversidade de compostos que envolve, a escolha recaiu no estudo das reações químicas do ponto de vista da Química Verde. Este subdomínio tem a vantagem de possibilitar, simultaneamente, a abordagem/revisão, de forma articulada, de aprendizagens do 10.º ano de escolaridade e a nomenclatura de compostos orgânicos. Este artigo vem na sequência da ação de formação “Nomenclatura Química: adequação das regras da IUPAC à língua portuguesa” fornecida pelo Centro de Formação da Sociedade Portuguesa de Química (SPQ), na qual foi possível trabalhar as atuais recomendações da IUPAC para a nomenclatura dos compostos orgânicos e inorgânicos, utilizando a terminologia correta em língua portuguesa.